quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Divagações Sertanejas






I


seca solidão do sol
queima o solo
arenoso
do
sertão-saara
sertão-seara
sertão-safari


euclides
+ patativa
sem
rebarbativa
descrevem
seu cenário
a seco
a raso
a fundo

pelas barbas do conselheiro !
vamos
soerguer
canudos
a batalha não acabou !

vinde a mim
vinde a nós novos profetas
pra proliferarem seus cordéis

cantos que não vão sofrer
imprimatur
nem estarão presos em brancos papéis
cantos são como rajadas de vento
que não têm direção mas
têm movimento


II


comboios
ambulam contínuos
até cambaio
no lombo do cavalo
vê-se um vaqueiro de turbante
centrado no aboio
entoando o berrante

cumeadas
cumeeiras
vegetações rasteiras
serras
cerrados nus
pela isenção
de plantação


III


e o véio chico ainda é tão formoso
e puro
muito embora abandonado
mas timoneiros quase timoratos
canoam por ele
desapercebidos
rumorejando suas mágoas acostumados
ao desalento destas águas


IV


êta vixe ave-maria cheia de graça
foi a gente que inventou a favela
depois daquela desgraça devastadora
da antiga república

agora todos recebem tal réplica
causada pelas miséria e descaso
que não termina nunca

barracos
barracos
barricadas
barro
barro
barra
de viver nos
morros das periferias brasilianas

pergunte ao floriano
como isso se assucedeu ?
porque a história inglória
acoberta
este vero enredo
só ele explicará
quando começou tal degredo


V


pau-de-arara-brasil
destinatário-motor
destinatalho móvel
de cada mil
retirantes deste país varonil






( Felipe Rey )

1 comentários:

César disse...

Mandou bem. O nosso sertão de cada dia trás frutos muito bons, e fortes ! Precisam ser, senão não sobreviveriam....

Coloquei um link do seu blog no meu, ok ?

 

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